Quem dizem que tu és?

MISSÃO E LIDERANÇA GLOBAL

Andrea Ramos

9/17/20256 min read

Quem se diz que tu és?

O que ouvem a teu respeito? Qual é a tua reputação? Como és visto no local onde trabalhas, na tua família, entre os teus amigos e conhecidos?

Estas podem ser questões atuais, porém, olhando a factos históricos denota-se que no antigamente este olhar apreciador sobre alguém ia muito longe e não apenas num único território.

Recentemente, um cristão morreu porque sem medo, respondia a perguntas difíceis. E hoje, quantos de nós evitam as perguntas difíceis. Respondemos de forma vaga, escapando ou de modo assertivo declamamos as nossas conceções? Falava sobre assuntos da moralidade, do carácter e tinha um posicionamento cristão. Muitos o seguiam, outros o odiavam e muitos outros nunca tinham ouvido falar dele. Após o terrível assassinato, veio a pergunta: quem é ele? Os vídeos sucedem-se, os comentadores têm matéria. O facto é que este acontecimento está a levantar o véu sobre um homem que não tinha medo de falar e de responder a perguntas difíceis. Depois da comunicação divulgar o episódio terrífico, estamos a assistir diariamente à resposta das perguntas: quem era ele? O que dizem sobre ele?

Certa vez, a rainha de Sabá decidiu fazer um teste a Salomão usando a mesma estratégia. Para a audiência com tal figura famosa ela levou uma comitiva com ela, camelos carregados de especiarias, grande quantidade de ouro e pedras preciosas.

«Quem dizeis que eu sou?» é uma pergunta feita mais tarde por Jesus aos seus discípulos. Averiguar o que diriam dele, qual era a sua reputação.

A rainha tinha dúvidas e pôs-se a caminho a fim de as esclarecer e foram todas esclarecidas. Os assuntos tratados nesta audiência foram assuntos bem profundos, de quem ansiava respostas. Ela abriu o coração diante o rei Salomão. E claro, um sábio daria conselhos adequados a uma Rainha. O texto bíblico refere que ela ficou ‘abismada’ com a sabedoria, com o palácio, com a comida, com as acomodações dos altos funcionários, com a roupa dos criados, com a exuberância de cristais e pelas generosas ofertas que Salomão dava para o templo. Não só observadora, mas detalhista. Decidiu atestar se a fama era real, se era uma farsa. Ela disse ao rei: «Tudo que ouvi a seu respeito é verdade. A reputação de suas realizações e de sua sabedoria em meu país se confirmou. Eu não teria acreditado se eu mesma não tivesse visto. Não foi exagero o que ouvi! Sabedoria e elegância muito além do que eu poderia imaginar». Ela deu feedback ao rei e reiterou a verdade do que se escutava acerca dele.

Um convite a experimentar e fazer parte

Noutro relato diferente, Natanael tinha dúvidas acerca de quem era Jesus, se era mesmo o Filho de Deus, como se ouvia por lá. Os Nazarenos não aceitavam Jesus como Messias, viam-no como um homem comum, filho de um carpinteiro e por isso, conheciam Jesus desde criança. Tal familiaridade impediu que entendessem a sua divindade, não acreditavam nela, nem no poder milagroso de Jesus.

Ou seja, Natanael pensava: se Jesus veio de Nazaré este era um lugar sem reputação, uma pequena aldeia. Natanael duvidou que algo bom pudesse vir de tal território. Filipe, em vez do debate, convidou Natanael: "Vem e vê!". Este convite enfatizou a importância de ir e vivenciar pessoalmente a verdade, em vez de apenas ouvir ou duvidar. Por outras palavras, Filipe disse-lhe: constata por ti mesmo, não deixes que alguém te influencie. Vais ouvir, ver, participar, vivenciar e depois tomas a tua decisão de acreditar ou não.

«Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo (falsidade). Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira. Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel.» João 1:47-49

Voltando à rainha de Sabá, uma parte do seu relato deixou-me deveras reflexiva e por isso, decidi escrever este texto. «Felizes os homens e mulheres que trabalham para você, pois têm o privilégio de estar perto de você todos os dias e ouvir as suas sábias palavras.»

Quem está perto de nós, o que dizem que somos? Temos palavras sábias para quem convivemos? As pessoas consideram que é um privilégio estar perto de nós?

Ela reconheceu que por trás de tudo o que era visível estava o mundo invisível, um Deus que constituiu Salomão como rei «para manter a ordem e justiça». Além disso, ela não ficou indiferente a todo o cenário, ela implicou-se e quis presentear Salomão, decerto estaria grata por tanta ajuda sábia e por este ter atendido à sua causa. «Nunca se viu tantas especiarias juntas quanto as que a rainha de Sabá trouxe para Salomão.» Outro dado excecional é que Salomão também não ficou sem fazer nada, ele «deu à rainha tudo o que ela desejou e pediu, além dos generosos presentes que ela já tinha recebido dele.» Uau, que troca incrível, que partilha entre governantes, é óbvio que ela regressou satisfeita com a sua comitiva.

Muito além do que se vê ao longe

Sempre que faço uma publicação nas redes sociais sobre um trabalho realizado numa escola ou biblioteca, algumas pessoas comentam, embora não dê para escrever nas redes tudo o que acontece, ou realmente perceber a minha atividade missionária.

Uso a literatura como ferramenta para difundir o evangelho e tenho visto o impacto na vida dos adolescentes, crianças e famílias. O meu propósito são pessoas e os livros, uma estratégia. As sessões, o contacto próximo. O meu alvo é inspirar pessoas, ajudá-las, escutá-las e transmitir valores cristãos nas sessões que tenho desenvolvido por todo o país e estrangeiro.

No entanto, só quem vai comigo às sessões e nalguma viagem, percebe o que sucede- «Vem e vê». Cristãos que já me acompanharam disseram-me: «uau, o que disseste aquela professora», «a oportunidade que tiveste», «quero fazer uma missão em África quando tu fores», «és uma evangelista», «és uma missionária urbana», «falaste muito sobre Deus», etc. Por isso, desde cedo entendi que levar jovens comigo seria uma motivação para eles também usarem os talentos que Deus lhes deu. Percebi que trabalhar juntos/unidos, "dois é melhor do que um" que são conceitos bíblicos e como tal, também era mais criativo para o público e cedo convidei pessoas envolvidas noutros ministérios para somar.

E isto não tem tanto a ver sobre mim ou sobre a missão que Deus me confiou, tem a ver com o que Deus faz, por trás de tudo o que se vê, o tal mundo invisível, com as portas que Ele me abre, a Ele sou grata pela inspiração e por todas as oportunidades que me tem dado para investir no Seu reino, ou por poder escrever hoje este texto. E se o estás a ler, ficas desde já convidado para vir comigo e ver, participar e honrarmos juntos a Deus.

Para lá da reputação, viver a Verdade

Quantas vezes percebemos que fazem juízos errados sobre as pessoas? Que existem rótulos, perceções erradas?

Natanael esclareceu a sua dúvida. E não teve medo de ir investigar por ele mesmo. Como creu na verdade dos factos, Jesus prometeu que ele veria coisas ainda maiores, como o céu aberto. Uau outra vez, o céu aberto para ti, quando crês que Jesus é o Filho de Deus, o Santo que verteu o seu sangue humano para vencer a morte. Por isso vive neste céu que se abre para nós e cabe dentro do nosso coração. Ficou aberto o céu para a humanidade se reatar com Deus. Quando cremos em Jesus, o céu não se fecha, coisas maiores que não imaginamos acontecerão.

As experiências com Deus extravasam os ditos ou comentários, a identidade de Jesus pertence à historia da qual fazemos parte, 2 mil anos depois de Cristo (d.C.), o encontro permite mais e é no encontro que as relações aumentam, que se olha nos olhos, que se percebem as entrelinhas. Onde cabe o abraço, a compaixão e empatia a compreensão do que o outro sente, o "rir com os que riem" e o "chorar com os que choram".

Quem se diz que tu és?

Andrea Ramos

Escritora, Animadora Social... com uma missão!
Conhece mais do trabalho da Andrea Ramos em www.andrearamos.pt.
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Andrea Ramos tem colaborado ativamente com o Movimento Lausanne Portugal, tendo participado no Congresso Lausanne 4 (Seul, setembro de 2024), assim como em diversos encontros nacionais e europeus.